segunda-feira, 28 de março de 2011

Como encontrar o arquiteto de seus sonhos

Nesse deck na praia de Itamambuca começamos a ter boas idéias sobre minha futura casa. Claro que só vai sair coisa boa 

Vista lateral da casa de Itamambuca

Fotos e projeto
Eduardo Mello
Meu cunhado e compadre, além de cenógrafo, é ótimo arquiteto. A casa dele na praia da Feiticeira, em Ilhabela, é uma das melhores coisas que já vi na vida, tanto que algumas das idéias serão aproveitadas em meu futuro lar, doce lar.  Mas ele não tinha tempo para mim.  E conseguir um arquiteto não é tarefa das mais simples, apesar dos milhares de profissionais que pululam na praça. Como se não bastasse, tenho ainda um sério problema, acho que a pedra da Roseta, aquela usada para decifrar os hieróglifos egípcios, mais fácil de entender que uma planta de arquitetura.
Um projeto na mão e uma casa na estratosfera - Essa falta de entendimento aumentava minha insegurança. Tinha medo de pagar por um projeto, ficar com um troço bonitinho, que teoricamente atenderia minhas necessidades e eu que me virasse para dar conta de construir. Pedi indicações, entrevistei alguns, troquei algumas idéias.  Os honorários eram altos e a sensação de que eu micaria com uma planta na mão e nem um tijolo colocado persistia.
O destino conspirou a meu favor. Tania minha amiga convidou para um fim de semana em uma casa super hiper duca que ela aluga em Itamambuca, Ubatuba. O dono, o senhorio, era amigo, arquiteto conhecido – calhava até de ser meu colega de malhação, mas a gente nunca tinha se falado.  Ficamos conversando aqueles papos preguiçosos de terraço de casa de praia e ele deu altas sugestões, dessas idéias boas de ouvir que a gente consegue enxergar já operantes, funcionando.

Martelo - Na volta para São Paulo pedi a Tania o contato dele.  Liguei, conversei, trocamos algumas idéias, um orçamento e ficou oficializado. Eduardo Martins de Mello seria o arquiteto escolhido para fazer minha casa sair do chão.

terça-feira, 22 de março de 2011

Primeiros passos de quem quer construir


Eu tinha resolvido começar, mas entre resolver e colocar mãos a obra vai grande distancia. Nesse caminho os perigos eram muitos, a começar pela tentação de gastar o dinheiro da venda do apartamento. É duro viver duro sabendo que se tem dinheiro. Não dava nem para pensar em entrar em tentação.
Eu já notei que quando se trata de nossos interesses sempre há uma defasagem de valores, normalmente contra nós. Em um ano que passei decidindo os últimos detalhes, resolvendo que caminho tomar para construir, respirando fundo para tomar coragem, o apartamento que vendi já se valorizara cerca de 25%. Nem se quisesse poderia comprá-lo de volta pelo que tinha recebido. Por outro lado não planejava mesmo voltar para ele e estava livre de problemas com inquilinos.
A procura de um arquiteto - Meu cunhado e compadre, padrinho de meu filho iria fazer a planta. Acontece que ele é um cara muito ocupado e acabou declinando gentilmente. Acho que a falta do irmão na jogada também não o estimulou nem um pouco. Entrei na balada da busca pelo arquiteto. Mas esse já é um capitulo a parte porque é realmente um passo fundamental.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Resolvi, e agora?


Na teoria tudo parecia lindo para começar a minha construção. Faltava apenas convencer meu ex, dono da metade do terreno, a me ceder a parte dele por alguns anos; vender meu apartamento e juntar mais um troco, só a grana desse negocio não ia dar; encarar problemas burocráticos e de construção; e finalmente, mais que tudo, juntar coragem.
Calafrios  Na teoria, apesar de todos os percalços, tudo parecia lindo. Mas quando examinava a situação seriamente gelava de medo. Se construção já e difícil para quem é do ramo imagina euzinha, sozinha, na imensa São Paulo, jornalista, escritora, sem emprego fixo, etc, etc. E lá perto mesmo do meu terreno tinha um esqueleto, um pesadelo, alguém provavelmente mais abonado que eu que foi obrigado a largar a obra no meio.
O mundo desestimula fortemente qualquer idéia que fuja um pouco ao convencional, podem ter certeza. A coisa mais gentil que eu ouvia quando falava de meus planos era “você está louca!!!”, assim, com várias exclamações. Eu também achava. Mas estou acostumada a viver comigo há muitos e muitos anos e sei que sou mestra em tomar decisões, algumas bem erradas, devo confessar, mas decisões. Acho pior esse tipo de personalidade que enrola, enrola e não toma nenhuma atitude.
Meu futuro já chegou - Meu irmão Francisco, já citado, exemplo de advogado inteligente e de boa cabeça, tem uma frase que eu adoro: “Meu futuro já chegou e se bobear tá é passando”. Eu sempre quis uma casa, quantas vezes mais na vida vou ter chance de realizar meu sonho? Pecado de omissão é o pior de todos.
Foi uma luta, uma conversa que chegou a durar anos, mas finalmente meu ex-marido concordou em emprestar a parte dele do terreno. Ele é um sujeito bacana – senão não teria casado comigo – tem outros imóveis e provavelmente não estava precisando de dinheiro, pois já teria vendido o terreno. Eu queimei meus navios, ou seja, vendi o apartamento para não ter chance de mudar de idéia.
E no fundo até gostei que ele tenha me emprestado o terreno ao invés de doar a parte dele para nosso filho. Isso praticamente me obrigaria a fazer o mesmo e, caso não fique rica, objetivo final, vou precisar do dinheiro dessa casa para viver no futuro. Afinal, de que vale ser um passarinho durango numa gaiola dourada? 

Casa a vista



Meu mato parecia ter cada vez mais mato e menos cachorro. Recapitulando, moro em uma casa de aluguel velha e boa com proprietária mesquinha e intratável/intragável. Meu apartamento tinha sido alugado durante um ano por um sujeito que não gostava de honrar seus compromissos. Não queria voltar para lá nem alugar de novo, já tinha sido encheção demais. E tenho metade do terreno comprado por nós durante o casamento.
Eu não podia comprar a parte dele, fora de cogitação por causa do preço. Vender seria imenso prejuízo, a começar pelo percentual de corretagem e difícil, pois há um outro vago igualzinho ao lado. O IPTU é altíssimo. Foi então que meu irmão Francisco, prova viva de que alguns advogados têm caráter e boa cabeça, bolou uma solução.
Ele sugeriu que o meu ex emprestasse a parte dele para eu construir. Simples, eu daria o próprio imóvel que vou levantar como garantia. Enquanto isso iria pagando aos poucos a metade. Se no fim digamos de uns 10 anos não conseguir quitar minha parte vendo a casa, pago a parte dele e ainda terei feito um investimento. O dinheiro para a obra?  Do apartamento já quitado, muito mais fácil e com maior liquidez de venda.  

quarta-feira, 2 de março de 2011

Alugada e sem teto

Nessa altura do campeonato eu continuava pagando aluguel – o meu religiosamente – e sem ter muita perspectiva. Não queria voltar a morar no meu antigo apartamento, que depois de todos esses anos de financiamento estava quitado. A minha casinha, em que pese ser uma graça, tem alguns problemas.
Primeiro não tem garagem. Não que eu faça muita questão dela. Mas nessa vida de sem-teto meu carrinho já tomou tanta batida na rua que eu só xingo quando tenho de mandar arrumar. As vezes nem noto as porradas mais recentes. Outro dia, por exemplo, caiu o para-choque no meio da rua, R$ 400 para remendar, para trocar nem perguntei. Retrovisor partido, por exemplo, nem ligo mais, já foram uns nove ou 10, juro.

O avarento Scrooge, personagem de Charles Dickens na versão do ator Jimmy Carey

Scrooge escrota - Uma casa velha precisa sempre de um consertinho ou outro. É aí que a porca torce o rabo, quase literalmente. Minha senhoria parece saída de um conto de Charles Dickens. É avarenta, grossa, barraquenta, daquele tipo que vem gritar no meu terreiro achando que é dela. Até hoje ela não suporta a idéia de deposito em conta. Faz questão de dar o prazer da presença todo mês para vir receber o cheque.
Quando mudei achei que daria para conversar, pois há problemas em todo imóvel, principalmente antigos, de alçada do proprietário. Ledo engano ou desaviso. Qualquer trato tomava contornos de pesadelo. Hoje prefiro deixar cair do que ter de falar com ela.Nada que me faça sair correndo. Mas cada vez ficava mais claro que essa situação não tem condição de perdurar. O que fazer?  

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Recomeços ou Lina Albuquerque

O titulo é plural por vários motivos. Foram vários recomeços nessa primeira década do novo milênio, profissional por causa da demissão, pessoal pela separação e até habitacional, já que a casa tinha caído sem nem mesmo ter ficado de pé. E o sub titulo Lina Albuquerque é por causa de um livro bacanesimo dela em que várias pessoas contam como deram a volta por cima.
Depois de 18 anos morando no mesmo lugar meu apartamento tinha começado a ficar sufocante apesar ou talvez devido à ausência do marido. Eu precisava de mudar e acabou pintando uma chance ótima, uma casinha adorável que a Cris Ramalho, outra amiga minha e da Lina, estava deixando. Assumi o aluguel, embarquei de mala e cuia.
Timming perfeito - Meu apartamento ficou alugado para outra amiga que estava se casando. Uma bela noite encontramos as três para combinar o movimento e a situação era engraçada. Para todas as mudanças ocorrerem juntas e a tempo com tudo dando certo precisaria de ser que nem esses filmes de James Bond em que o cara pula do helicóptero, pega uma metralhadora no ar, cai na lancha em movimento e já chega de pé atirando. Pois pulamos do helicóptero, pegamos a lancha e aterrissamos atirando. Na mosca.
O primeiro movimento deu certo mas a sequencia não.O marido da minha amiga calhou de ser desses sujeitos bom de papo e ruim de conta. Receber deles era um saco. Quando saíram depois de um ano – o casal já estava se separando – minha vontade de arrumar outro inquilino era nula. Aguentar de novo um aluguel daquele, com e sem trocadilho, estava acima de minhas forças. O que fazer?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sonho suspenso

Nosso amor não foi suficiente para segurar nosso casamento. Ele chegou ao fim depois de sete anos e para mim foi duplamente triste. Primeiro pela família que não seguiria mais junta, filho pequeno, essas coisas. Meu sentimento pelo meu ex-marido foi uma coisa dessas que só se vive uma vez na vida – pelo menos até hoje tem sido assim. Não me entendam mal, não estou chorando pelo marido derramado, mas nunca gostei de ninguém feito gostei dele e talvez isso não venha a se repetir. A conferir.
A casa caiu - Depois, devo confessar, chorei também pela casa tão duramente acalentada e que parecia fadada a não sair do chão.  Engraçado, eu que teoricamente me considerava tão desapegada a assuntos materiais ter uma reação dessas. Mas tive. Como desgraça nunca vem só, meses depois fui demitida, era repórter especial de um belo jornal onde tinha começado como foca. Para os não iniciados, foca é jornalista iniciante.
Não que minha vida estivesse muito boa. Tinha o fracasso da separação pesando para início de conversa. Eu não tenho familiares em São Paulo. Como jornalista tem plantão eu passava um fim de semana no jornal, outro com filho. Quando se encavalavam filho e jornal o ex- acabava ficando com o pequeno, mas era dureza para ele também. Além do que repórter especial atende todas as editorias e algumas emergências que parecem ter preferência por sábados ou domingos. Eu vivia exausta e quando sobrava um fim de semana para mim normalmente dormia, começava a voltar a ativa lá pelo fim da tarde de domingo.
Solução dos meus problemas - Meus problemas foram resolvidos a revelia pela minha demissão. Finalmente me dei conta de que já tinha passado a era de redação, pelo menos para mim. Era época de fazer outras coisas, que até hoje vivo procurando. Inventei uma coluna, o Diário da Perua, assinado por Anabel Serranegra, que vendi alguns anos para o Estado de Minas, fiz um projeto de cobrir a primeira posse do Lula que foi encampado pelo já finado Instituto Takano com benção da grande Regina Echeverria, free lancers daqui e de lá e fui tocando.  
Publiquei dois livros, meu primeiro romance, Os Florais Perversos de Madame de Sade pela Editora Rocco e o Ioga Além da Prática pela Integrare. Além disso fiz o Aprendi com Minha Mãe da Versar com a Cristina Ramalho. E brevemente teremos também novidades.
Os Florais tiveram colaboração de dois jornalistas, o grande Marcão e minha amiga Helô cuja morte levou prematuramente antes de termos acabado o segundo capitulo