segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Recomeços ou Lina Albuquerque

O titulo é plural por vários motivos. Foram vários recomeços nessa primeira década do novo milênio, profissional por causa da demissão, pessoal pela separação e até habitacional, já que a casa tinha caído sem nem mesmo ter ficado de pé. E o sub titulo Lina Albuquerque é por causa de um livro bacanesimo dela em que várias pessoas contam como deram a volta por cima.
Depois de 18 anos morando no mesmo lugar meu apartamento tinha começado a ficar sufocante apesar ou talvez devido à ausência do marido. Eu precisava de mudar e acabou pintando uma chance ótima, uma casinha adorável que a Cris Ramalho, outra amiga minha e da Lina, estava deixando. Assumi o aluguel, embarquei de mala e cuia.
Timming perfeito - Meu apartamento ficou alugado para outra amiga que estava se casando. Uma bela noite encontramos as três para combinar o movimento e a situação era engraçada. Para todas as mudanças ocorrerem juntas e a tempo com tudo dando certo precisaria de ser que nem esses filmes de James Bond em que o cara pula do helicóptero, pega uma metralhadora no ar, cai na lancha em movimento e já chega de pé atirando. Pois pulamos do helicóptero, pegamos a lancha e aterrissamos atirando. Na mosca.
O primeiro movimento deu certo mas a sequencia não.O marido da minha amiga calhou de ser desses sujeitos bom de papo e ruim de conta. Receber deles era um saco. Quando saíram depois de um ano – o casal já estava se separando – minha vontade de arrumar outro inquilino era nula. Aguentar de novo um aluguel daquele, com e sem trocadilho, estava acima de minhas forças. O que fazer?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sonho suspenso

Nosso amor não foi suficiente para segurar nosso casamento. Ele chegou ao fim depois de sete anos e para mim foi duplamente triste. Primeiro pela família que não seguiria mais junta, filho pequeno, essas coisas. Meu sentimento pelo meu ex-marido foi uma coisa dessas que só se vive uma vez na vida – pelo menos até hoje tem sido assim. Não me entendam mal, não estou chorando pelo marido derramado, mas nunca gostei de ninguém feito gostei dele e talvez isso não venha a se repetir. A conferir.
A casa caiu - Depois, devo confessar, chorei também pela casa tão duramente acalentada e que parecia fadada a não sair do chão.  Engraçado, eu que teoricamente me considerava tão desapegada a assuntos materiais ter uma reação dessas. Mas tive. Como desgraça nunca vem só, meses depois fui demitida, era repórter especial de um belo jornal onde tinha começado como foca. Para os não iniciados, foca é jornalista iniciante.
Não que minha vida estivesse muito boa. Tinha o fracasso da separação pesando para início de conversa. Eu não tenho familiares em São Paulo. Como jornalista tem plantão eu passava um fim de semana no jornal, outro com filho. Quando se encavalavam filho e jornal o ex- acabava ficando com o pequeno, mas era dureza para ele também. Além do que repórter especial atende todas as editorias e algumas emergências que parecem ter preferência por sábados ou domingos. Eu vivia exausta e quando sobrava um fim de semana para mim normalmente dormia, começava a voltar a ativa lá pelo fim da tarde de domingo.
Solução dos meus problemas - Meus problemas foram resolvidos a revelia pela minha demissão. Finalmente me dei conta de que já tinha passado a era de redação, pelo menos para mim. Era época de fazer outras coisas, que até hoje vivo procurando. Inventei uma coluna, o Diário da Perua, assinado por Anabel Serranegra, que vendi alguns anos para o Estado de Minas, fiz um projeto de cobrir a primeira posse do Lula que foi encampado pelo já finado Instituto Takano com benção da grande Regina Echeverria, free lancers daqui e de lá e fui tocando.  
Publiquei dois livros, meu primeiro romance, Os Florais Perversos de Madame de Sade pela Editora Rocco e o Ioga Além da Prática pela Integrare. Além disso fiz o Aprendi com Minha Mãe da Versar com a Cristina Ramalho. E brevemente teremos também novidades.
Os Florais tiveram colaboração de dois jornalistas, o grande Marcão e minha amiga Helô cuja morte levou prematuramente antes de termos acabado o segundo capitulo

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Enquanto juntamos dinheiro

A novela da construção da casa própria fez um pit stop na compra do terreno, como sabem meus oito fiéis leitores. Parou simplesmente porque ficamos durerrimos e fomos continuar na batalha para juntar mais grana para construir. Os que já pensaram ‘porque não resolvemos dar um adianto com uma casa pré fabricada para pelo menos começar a colocar a vida, ou melhor, a casa de pé,’ poupem energia. Trata-se de um lugar Z1, obedece critérios da Prefeitura e pior, da Companhia City.
Inglês implacável - A City, como sabemos, foi uma empresa que chegou da Inglaterra em 1912 de olho no crescimento da urbanização de São Paulo. Foi responsável pela área do Alto da Lapa, de Pinheiros dos Jardins – América, Paulista e Europa – que lembram, ainda que meio vagamente, os bairros ingleses. Quem está sob o domínio da City sabe que ela é implacável, os critérios são muito mais rígidos que os da Prefeitura. Esse dado será mais importante quando chegarmos à fase do projeto. Ai, como falta coisa até lá, dá até certa preguiça.
Mas por enquanto vou transcrever um trecho que garfei do site da própria City que, como é da voz do dono, explica melhor o que foi feito no Alto de Pinheiros. Quem se interessar sobre o assunto, que aliás é muito legal, pode ir direto na fonte no link www.ciacity.com.br
´’Todas os preceitos que a Cia City já havia praticado em bairros como Jardim América e Pacaembu foram adotados no Alto de Pinheiros. As curvas de nível foram respeitadas, as áreas livres tiveram planejamento cuidadoso, distribuídas em diversas praças e nos canteiros das avenidas. O dimensionamento generoso das vias e terrenos, a presença maciça de vegetação, a canalização do rio e a localização privilegiada trouxeram ao bairro traços da vida urbana e rural, somados de forma harmônica. Mais tarde, a construção da Marginal evitou que o tráfego pesado de automóveis tomasse conta das tranqüilas ruas locais. Tais fatores atraíram moradores de alto poder aquisitivo e intelectual.
Com sua atuação planejada e consistente, a Cia. City contribuiu para que, hoje, o Alto de Pinheiros seja o bairro que oferece os melhores índices de qualidade de vida na Cidade de São Paulo.’’

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Por que ele?

E mais importante de tudo, algum dia desses teremos toda essa vista para nós. E olha que a foto foi feita em um dia nublado

Já expliquei que a gente procurou muito uma coisa que coubesse no nosso gosto e no nosso orçamento. Vimos alguns terrenos de menos de 400 m2, em regiões mais centrais da cidade , caros como sempre, mas o meu marido implicava porque achava meio pequenos para os padrões dele. Oriundo do Morumbi de verdade, a chamada Cidade Jardim, ele não tinha nenhum problema em morar em Z1, aquelas que só permitem casas e nada mais.
Andar a pé - Mas eu tinha. O simples fato de pensar em não conseguir comprar um pão, um presunto na padaria sem depender de carro me dava arrepios. E, profissão repórter, sou chegada no agito. O escolhido contemplava os dois. Era grande o suficiente para o gosto dele. Apesar de ser Z1, fica em um lugar estratégico, arborizado, bacana, a cerca de 200 m de uma grande avenida onde se garante a cesta básica, ônibus, taxi e orientação para quem vier visitar.

Chegamos a terra prometida


Depois de muito procurar – pra variar – encontramos esse terreno no Alto de Pinheiros que parecia legal. Legal no sentido da lei mesmo, porque bacana era claro que ele era. Primeiro conselho para quem pensa em comprar para construir do zero. Examine muito, mas muito bem a papelada, de preferência com ajuda de quem é do ramo. Quem já é meu leitor sabe que a gente quase comprou uma casa tombada porque a corretora espertalhona simplesmente não nos contou sobre isso.
Foi pago - Da mesma forma que imóveis há terrenos em áreas de risco, proteção de mananciais, terras devolutas, encrencas de herança de família, falsários de papéis, todo o tipo de gananciosos e inescrupulosos. Aqueles coitados que vocês vêem na TV uivando, sendo despejados de suas casas derrubadas pelos tratores com ajuda da polícia e arrancando os cabelos desesperados não são folgados que simplesmente invadiram o pedaço não. Na imensa maioria vitimas de espertalhões que lotearam o que não lhes pertencia e venderam aos desavisados que pagam religiosamente pela gleba. É o sonho da casa própria, lembrem-se.
Um golpe desses pode render milhões, milhões mesmo para quem o aplica. Lembro-me de uma reintegração de posse na Zona Leste que cobri para a TV há mais de 10 anos. É de fazer chorar o repórter mais duro quando o trator joga a casa dos coitados no chão. Os f. da p. ganharam mais de R$ 2 milhões na época. Ninguém nasce imune a patifes, todo cuidado é pouco.
Lombriga e piolho - Eu também acabei meio vitima deles. Como ficava na Zona Leste muito isolada durante horas, pois a reintegração dura dias para piorar o sofrimento, acabava comendo o que encontrava.  Como resultado desse período tive lombriga e piolho. Madame emergente, repórter, mãe, mulher de médico, virei motivo de gozação de todo mundo, a começar pelo marido.  
Mas voltando ao nosso terreno, ou melhor, que seria nosso em breve, ele era um pouco escarpado, mas com uma vista maravilhosa. Tinha um bom tamanho, documentação em ordem e a gente dinheiro suficiente para comprá-lo. Batemos o martelo. Ficamos duros e fomos seguir trabalhando para juntar dinheiro para levantar nosso lar, doce lar.
Esse foi o terreno que encontramos depois de muita procura para fazer nossa casa

Terra em São Paulo

A foto é só pra mostrar os futuros moradores, eu e meu filho que agora está grandinho

Se procurar casa em São Paulo é complicado, a busca de um solo virgem também não é lá nenhuma maravilha. Os preços dos poucos remanescentes, como vocês devem imaginar, são estratosféricos. Há problemas de metragem, localização, topografia, vizinhança. Não estou dizendo nem vizinhança humana. Ninguém tem bola de cristal para saber se o destino ingrato vai ancorá-lo em caráter definitivo – ou por um bom tempo, vá lá – ao lado de algum mala sem alça. Mas, por exemplo, vimos um terreno legal na região do Sumaré que adoro. Por razões de segurança, o então titular da pasta matrimonial vetou. De um lado tinha uma casa, mas o outro muro dava para uma escadaria dessas comuns no bairro, que ligam duas ruas.
Dois corridos numa busca insana – Agravante maior nosso também era a falta de tempo. Filho pequeno, eu repórter de TV e ele médico daqueles de hospital famoso e consultório, dá pra imaginar? Se encontro em família já era difícil, para procurar casa/terreno tinha de rebolar. Mas a gente dava um jeito e no fundo era até legal, era tempo que passávamos juntos.

A procura da casa

Compramos esse terreno de quase 600 m2 em na virada do milênio, jeito de dizer mais importante do que situar no final dos anos 1990. Digo compramos mas não estou assolada pelo plural de modéstia ou majestático. E muito menos pela linguagem insuportável dos políticos que usam o nós como se fossem realmente representativos da cabeça de muita gente. “Compramos” porque éramos dois na época.

Peru no pires - Eu e meu então marido procuravamos uma casa. Levamos mais de um ano na batalha e o resultado era de chorar. Terrenos relativamente pequenos ocupados por construções imensas, velhas, condições sanitárias precárias – em bom português falta de banheiros, que eram meio raridade antigamente. As famílias eram muito maiores e nós temos um filho único.

Dinheiro jogado fora -  A gente teria de desembolsar um bom dinheiro por uma espécie de peru no pires, ou seja, construção imensa, pouca área externa. Até chegar na reforma já teríamos pago por tudo isso – mastodontes com até cinco, seis quartos, edícula, três quartos de empregada, etc - para depois derrubar bela parte ou até tudo, dependendo do caso. O ex, que sempre morou em casa, entende muito do assunto e principalmente, tinha mais dinheiro que eu, vetou as poucas casas que achei aceitáveis.

Corretores e corretoras - Houve ainda certas armadilhas. Há corretores e corretores, mas tivemos durante certo período assistência de uma senhora que quase conseguiu nos empurrar uma casa. Digo quase que era um imóvel bacana, no Pacaembu e a gente ficou um pouco entusiasmado. Não sei por que sorte descobrimos a tempo que era tombado. A corretora simplesmente “se esqueceu” de mencionar esse pequeno detalhe, embora tenha alardeado e muito se tratar de projeto do grande Artigas. Nada contra esse gênio da prancheta, muito pelo contrário. Mas nos não tínhamos a menor condição, nem de grana nem de tempo nem de paciência, de fazer face a um empreendimento desse porte. Depois desta e de outras decepções resolvemos partir para o terreno.